Quem somos nós?
Nota: Este texto faz parte de uma obra maior. Aguarde.
Nos meados do Século 20, nos EUA, foi publicado um livrete afirmando que não somos nem católicos, nem protestantes, nem judeus (Baxter e Ellis 1956) — os três principais grupos no país naquela época. Mais uma vez, mostra uma boa preocupação com nossa identidade e tentativa de esclarecê-la aos de fora.
Aqui no Brasil, eu mesmo já fiz trabalhos semelhantes, descrevendo as diferenças entre seita, denominação e igreja. Em 2005 publiquei e em 2024 revisei e ampliei o pequeno trabalho: Cristão sem denominação (Matheny 2024). Na introdução dessa obra eu escrevi:
O público-alvo deste material é a irmandade brasileira, uma conversa interna, um obreiro do Senhor se direcionando aos seus amados irmãos na fé, falando com liberdade e incentivando entre nós um diálogo para definir quem somos e qual a direção que seguiremos no futuro. O material serve como chamado para retornar ao ensino original que recebemos (pág. 8).
Muita gente, americanos e brasileiros, quer deixar de lado o ensino original que recebemos nas primeiras décadas aqui no Brasil. Estão mudando o ensinamento. Já falaram isso em assembleias públicas, em momentos abertos.
Geralmente, são mais sutis. Estão sorrateiramente introduzindo nas congregações, por meio de eventos e entidades, fundos e ferrões, as velhas doutrinas protestantes e, em alguns casos, pentecostais. (Estão seguindo o exemplo do grupo desviado, que introduziu, propositalmente, o pentecostalismo nas suas congregações no Centro-Oeste para alavancar o crescimento, sem consultar as congregações sustentadoras americanas, segundo falou-me pessoalmente David Bayless, de Belém do Pará.) Querem música instrumental, milagres e o sensacionalismo evangélico do milênio (Duke 2025, 7-10). Querem emoção acima da razão, preferem agitação e movimentação em vez de piedade e santidade.
Em 1989 o saudoso irmão Antônio Roberto Andrade observou:
É experiência comum para quem já lida há alguns anos em nossa igreja verem-se os cristãos sem doutrina, despreparados, que com maior facilidade seguem atrás dos “milagres” e das “línguas” que são aqui e acolá notícia em jornais: a qualquer novidade estão prontos a atender, a correr “para ver se é verdade” … e lá ficam! (Andrade 1989, 3).
O problema não é de hoje, mas hoje o problema está se tornando crítico, a ponto de arrastar congregações inteiras e regiões completas para a apostasia.
Já passou o momento de os vigias soarem o alerta. E quando fizerem, os apóstatas farão intensa oposição.